Walter Feldman | Imagem: Divulgação
Seleção segue vencendo, mas a principal disputa acontece na CBF

Seleção segue vencendo, mas a principal disputa acontece na CBF

Fora de campo, acontecem discussões, brigas e até expulsões nos bastidores, como a do secretário-geral, Walter Feldman

A seleção brasileira ganhou ontem seu terceiro jogo seguido na Copa América e segue invicta na competição. Desta vez foi 2x1 contra a Colômbia, no estádio Nilton Santos (Engenhão), no Rio. Com mais essa vitória, o time garantiu a classificação em primeiro lugar no grupo B da Copa, com nove pontos, à frente de Colômbia (4), Peru (4), Equador (2) e Venezuela (2). No grupo A, a Argentina lidera com sete pontos, seguida por Chile (5), Paraguai (3), Uruguai (1) e Bolivia, que não pontuou.



Brasil e Colômbia pela terceira rodada da Copa América 2021

Os lances mais polêmicos do futebol brasileiro, entretanto, acontecem neste momento fora de campo. É nos gabinetes da Confederação Brasileira de Futebol que a disputa segue renhida, com direito a empurrões, faltas e até expulsões nos bastidores. O nome mais recente a receber o cartão vermelho foi o secretário-geral Walter Feldman.

Político experiente, com passagens pelos poderes legislativo e executivo em várias esferas, ele estava há seis anos à frente da importante função. Foi levado por Marco Polo Del Nero, que depois perdeu o cargo e foi banido do futebol pela FIFA em 2019. Feldman sobreviveu a esse momento, aliou-se a Rogério Caboclo e ganhou o papel de articulador entre a CBF e as federações, já que interlocução não era o forte de Caboclo (vide recente episódio do presidente com jogadores e comissão técnica às vésperas da Copa América).

Ao ser afastado provisoriamente pelo escândalo gerado por denúncias de assédio moral e sexual de uma ex-funcionária, Rogério Caboclo tentou defenestrar Walter Feldman. Não conseguiu. Mas a boa convivência do secretário geral com o Cel. Nunes, atualmente respondendo pela presidência, também não durou muito.

No enredo desse imbróglio, a disputa correndo solta pela próxima eleição da diretoria da CBF, envolvendo Feldman, que um dia gostaria de ser o principal mandatário; Caboclo, que quer voltar para poder usufruir do jatinho comprado por US$ 14 milhões; o Cel. Nunes, que se especializou em apagar incêndios em momentos de crise; o diretor-financeiro Gilnei Botrel, homem de confiança de Del Nero; e este próprio, que, mesmo banido, trabalha para fazer o próximo sucessor na confederação.

E por que tanto interesse de todos esses cartolas em não largar o osso? A CBF organiza todos os campeonatos nacionais, como o Brasileirão, Copa do Brasil e copas regionais. Administra as seleções de futebol masculino e feminino, as seleções sub-20, sub-17, possui uma luxuosa sede na Barra da Tijuca e um centro de treinamento na Granja Comary, ambos no Estado do Rio. Tem pelo menos 200 funcionários fixos, segundo a página do Linkedin da própria organização, e um grande poder de fogo para contratar serviços de terceiros.

Em termos de faturamento, a CBF arrecadou R$ 716 milhões em 2020, menos do que no ano de 2019 (anterior à pandemia), quando entraram R$ 957 milhões nos cofres da entidade. Até 2016, segundo dados compilados pela revista Época, a CBF detinha o quinto maior faturamento do mundo, só atrás de Inglaterra, Alemanha, Itália e França, à frente de países como Espanha, EUA, Holanda e Portugal.

Ainda de acordo com a mesma revista, 34% do que entrava era consumido na própria administração da entidade, enquanto que a seleção brasileira - carro-chefe de toda arrecadação - demandava 18% dessa conta.

Fora os "empurrões" que podem ser dados pelo Governo Federal, via Secretaria Especial do Esporte (antigo Ministério dos Esportes), atrelada ao Ministério da Cidadania. Como exemplo, a própria realização da Copa América, descartada por Argentina e Colômbia e abraçada pelo presidente Bolsonaro de comum acordo com a CBF e a Conmebol.