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As ameaças que rondam a Copa América

As ameaças que rondam a Copa América

Jogadores da Venezuela infectados, patrocinadores debandando e uma grave acusação de assédio contra o presidente da CBF, agora também envolvido na compra de um jatinho de US$ 14 milhões

Nem bem começou a disputa e a Copa América já sente a ameaça presente da Covid-19. Ontem, cinco jogadores da Venezuela testaram positivo para o vírus, além de membros da comissão técnica do time que tem estreia marcada para amanhã, justamente contra o Brasil. O fato preocupa as autoridades sanitárias devido ao desconhecimento, por hora, de qual variante infectou os atletas, e se será de um tipo já constatado no País.


Seleção da Venezuela tem cinco jogadores diagnosticados com covid - Divulgação

Em situação oposta, a Eurocopa começou ontem com o jogo Itália x Turquia. Com um grande aparato de segurança contra a pandemia, que na Itália vai sendo debelada inclusive com a reabertura do turismo interno e externo, a Azzurra venceu por 3 x 0. Os protocolos sanitários fazem parte do projeto "Stadio Sicuro", fechado entre o governo federal, federação de futebol, liga dos clubes e a UEFA, que organiza a Eurocopa.
 
Já por aqui, não há conhecimento de um trabalho conjunto parecido ao europeu, desde que a competição desembarcou no País trazida "na marra" pela Conmebol, com amplo apoio do governo Bolsonaro.

Ao contrário, o que se observa é um conjunto de polêmicas que começam pelo próprio anúncio da copa no Brasil; a má gestão do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CFB), Rogério Caboclo, que acabou gerando desentendimentos com os jogadores e o técnico Tite; a entrada do Supremo Tribunal Federal em campo, para julgar a realização ou não do evento; e o escândalo gerado pelas denúncias de assédio moral e sexual de Caboclo contra uma funcionária da CBF, que geraram o afastamento do dirigente e a entrada provisória do vice, Cel. Nunes.


Rogério Caboclo e Bolsonaro - Divulgação

Há também um novo escândalo: a aquisição de um jatinho para a CBF no valor de US$ 14 milhões, equivalente a R$ 71 milhões. Um modelo Legacy de 16 lugares, sendo que a entidade já possui uma aeronave particular, um Citation de 12 lugares. A compra foi feita por Rogério Caboclo e finalizada no último dia 4, mesmo dia em foram feitas as acusações de assédio por parte da funcionária da CBF.

Por fim, a desistência de patrocinadores em associar seus nomes à Copa América - algo impensável de acontecer num passado em que os espaços publicitários envolvendo a seleção brasileira eram disputados a peso de ouro.
 
Depois do anúncio de desistência de duas grandes marcas mundiais, a Ambev e a Mastercard, foi a vez da dona das marcas Johnnie Walker e Smirnoff, a Diageo, ser a terceira multinacional a deixar a competição. Patrocinadora desde 1992, a Diageo alegou que os termos do acordo foram decididos quando o evento ainda estava previsto para acontecer na Argentina e na Colômbia. A decisão ocorreu, segundo comunicado da empresa, "em respeito ao momento da pandemia de Covid-19".
 
Mas é preciso lembrar que a decisão dessas empresas em desistir de patrocinar a edição 2021 da Copa América não está apenas relacionada à pandemia de Covid-19. Está claro que as denúncias de assédio moral e sexual envolvendo Rogério Caboclo (os áudios das conversar dele com a funcionária, mostrados pelo Fantástico do último domingo, são estarrecedores) moveram as diretorias dessas companhias no sentido de pular fora do barco.

No Brasil, ou em qualquer outra parte do planeta, esse tipo de atitude deplorável não é mais aceita, pois é considerada crime segundo o Código Penal. Muito menos será aceita a conivência de autoridades policiais e judiciárias, além, é claro, da direção da CBF, que não pode pôr panos quentes sobre denúncia tão grave.