Ação da Ambev dispara até 9%, Totvs zera ganhos, GPA, Braskem e Ultrapar caem após balanços; Vale sobe com minério

Ação da Ambev dispara até 9%, Totvs zera ganhos, GPA, Braskem e Ultrapar caem após balanços; Vale sobe com minério

Confira os destaques da B3 na sessão desta quinta-feira (6)

Por Lara Rizério

SÃO PAULO - A temporada de balanços segue bastante movimentada e guia os principais movimentos do Ibovespa na sessão desta quinta-feira (6). A Ambev (ABEV3) é o grande destaque, disparando cerca de 9% após o balanço. A Totvs (TOTS3), por sua vez, chegou a subir 5,77%, mas zerou a alta. Azul (AZUL4) avança cerca de 1% depois do resultado.

Por outro lado, Braskem (BRKM5), Pão de Açúcar (PCAR3), Taesa (TAEE11) e Ultrapar (UGPA3) caem cerca de 2% após os balanços.

Fora da temporada de balanços, as ações da Vale (VALE3) registram ganhos de mais de 1% seguindo o novo dia de alta do minério de ferro. Segundo informações do Bradesco BBI, o minério de ferro spot com 62% de pureza teve alta de 6,9%, superando os US$ 200 a tonelada (mais precisamente US$ 202,65). Confira os destaques:

Ambev (ABEV3)
A Ambev registrou lucro líquido de R$ 2,73 bilhões no primeiro trimestre de 2021, 125,7% acima do lucro líquido de RS 1,21 bilhão registrado em igual período de 2020.

Já a receita líquida da empresa no primeiro trimestre de 2021 foi de R$ 16,6 bilhões, 32% superior na mesma base de comparação.

No primeiro trimestre, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado alcançou R$ 5,327 bilhões, avanço de 26% em um ano, o que corresponde a um crescimento orgânico de 23,8%, com margem bruta de 52,3% (queda de 260 pontos base) e margem Ebitda de 32,0% (redução de 110 pontos base).

O volume vendido pela Ambev no primeiro trimestre totalizou R$ 43,530 bilhões, alta de 11,6% em relação ao mesmo período de 2020. Em seu relatório trimestral, a companhia afirma que esteve mais preparada para lidar com alguns desafios persistentes relacionados à Covid-19 do que em março de 2020. "Os resultados nos deixam confiantes de que nossa estratégia está funcionando".

A XP destacou que a AmBev registrou mais um trimestre sequencialmente forte, mantendo a excelência operacional como sua vantagem competitiva principal. "Acreditamos que a inovação no portfólio e a estratégia digital estão dando cada vez mais frutos, impulsionando o desempenho da empresa", avaliam os analistas Leonardo Alencar e Larissa Pérez.

No geral, o segmento core-plus apresentou forte crescimento em todas as geografias, o que foi uma surpresa bastante positiva dado que ainda passamos por um momento muito desafiador, apontam Alencar e Larissa, com um ritmo de vacinação mais lento do que o esperado impedindo a aceleração da reabertura de bares e restaurantes.

Já o segmento de Cerveja Brasil entregou outro trimestre forte com volume crescendo 16% na base anual, apenas 2% abaixo da estimativa da XP, apesar do cancelamento do Carnaval e do ritmo lento de reabertura. O destaque ficou para o forte desempenho da Brahma Duplo Malte e para o portfólio premium crescendo quase 20%, juntamente com o crescimento de um dígito alto (cerca de 9%) para as marcas convencionais.

A XP afirma que continua otimista com a AmBev apesar das incertezas de curto prazo: a recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 17,15 por ação.

O Credit Suisse destacou que o primeiro trimestre de 2021 superou as estimativas mais otimistas com a receita de cervejas no Brasil subindo 30,6% na base de comparação anual, batendo as estimativas dos analistas do banco suíço em 4%. Os volumes de cerveja no Brasil avançaram 16% na base de comparação anual, em linha com o Credit.

"Nenhum novo guidance foi dado pela empresa, que reforça, por outro lado, que as margens devem continuar pressionadas esse ano pelo câmbio, custos de commodity e despesas gerais e administrativas, mas com a melhor performance nas vendas aliviando parcialmente essa pressão", avaliam, com a Ambev ganhando participação de mercado em todos os segmentos.

Os analistas do Credit também apontam que a mudança no CEO da AB Inbev, controladora da Ambev, deve ser vista como neutra ou marginalmente positiva. Carlos Brito vai deixar o comando da Anheuser-Busch InBev no dia 1º de julho. O substituto de Brito no comando da AB InBev também é brasileiro: o engenheiro catarinense Michel Dukeris.

Michel e Jean Jereissati, CEO da Ambev, já trabalharam juntos na região APAC (Ásia-Pacífico) e China e entregaram um movimento onde o mercado local passou para uma fase mais premium e tiverem sucesso com expansão de margem e crescimento de top line, apontam os analistas do Credit, que possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para o ativo ABEV3 e preço-alvo de R$ 18.

Azul (AZUL4)
A Azul reportou nesta quinta-feira prejuízo líquido de R$ 2,8 bilhões nos primeiros três meses do ano, reduzindo fortemente a perda em relação ao trimestre anterior, mas ainda mostrando um salto frente ao resultado negativo de R$ 317 milhões um ano antes, com a empresa aérea ainda afetada pela pandemia de Covid-19.

"O Brasil claramente foi impactado pela segunda onda da pandemia do Covid-19, mas continuamos vendo progresso no esforço de vacinação", afirmou a Azul no material do balanço.

"Diversos Estados e Municípios estão reduzindo suas medidas de restrição, o que já afetou positivamente as recentes tendências de reservas. Somente nos últimos quatro meses, o volume de reservas aumentou mais de 40% e esperamos que essa tendência acelere com o avanço da vacinação."

Ultrapar (UGPA3)
O lucro líquido da Ultrapar no primeiro trimestre de 2021 chegou a R$ 137,44 milhões, uma queda de 19% na comparação com o mesmo período de 2020. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, a redução chega a 68%. Segundo a empresa, a queda no lucro é fruto do aumento na despesa financeira líquida e de créditos tributários extemporâneos registrados no primeiro trimestre deste ano e quarto trimestre de 2020, parcialmente compensados pelo maior Ebitda.

O Ebitda ajustado atingiu R$ 996,3 milhões entre janeiro e março deste ano, avanço de 13% em relação ao registrado no mesmo período de 2020 e alta de 5% sobre o quarto trimestre do ano passado.

A receita líquida no primeiro trimestre deste ano ficou em R$ 23,950 bilhões. A alta chega a 12% em relação ao mesmo período do ano passado.

O aumento é explicado pela empresa por conta do avanço na receita líquida da Ipiranga, Oxiteno, Ultragaz e Ultracargo. Em relação ao quarto trimestre de 2020, a receita líquida cresceu 3%, reflexo principalmente do maior faturamento na Ipiranga.

O Credit apontou que os números de Ultra vieram dentro do esperado com exceção para os dados melhores do que o esperado em Oxiteno e piores do que o esperado em Extrafarma. Já a A Ultragaz esta com alguma dificuldade em repassar custos e a Oxiteno dá sinais de que vai ter um ano de 2021 bastante forte. O Ebitda recorrente de Ultrapar ficou em R$ 996 milhões (alta de 22% na comparação trimestral), em linha com as projeções dos analistas do Credit. O banco tem recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 24.

Braskem (BRKM5)
A Braskem reverteu o prejuízo de R$ 3,649 bilhões do primeiro trimestre de 2020 em lucro líquido de R$ 2,494 bilhões entre janeiro e março deste ano. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, quando apresentou lucro líquido de R$ 846 milhões, a alta é de 195%.

O resultado operacional recorrente foi de R$ 6,943 bilhões, 54% superior ao quarto trimestre de 2020 e 444% maior que o primeiro trimestre do ano passado, em função da depreciação do real frente ao dólar de 23% na comparação com janeiro e março do ano passado.

Em dólar, no primeiro trimestre, o resultado operacional recorrente da petroquímica foi de US$ 1,266 bilhão, 52% superior ao quarto trimestre de 2020, principalmente, pelos melhores spreads de PE, PP e principais químicos no Brasil, PP nos Estados Unidos e na Europa e PE no México e pelo maior volume de vendas de PP na Europa.

Em relação ao mesmo período do ano anterior, o resultado operacional recorrente da companhia em dólar foi 341% superior, em função dos melhores spreads de resinas e principais químicos no Brasil, PP nos Estados Unidos e na Europa e PE no México e do maior volume de vendas de PP nos Estados Unidos e Europa e de principais químicos no Brasil.

A Braskem informou que a geração livre de caixa no primeiro trimestre foi de R$ 1,766 bilhão explicado, principalmente, pelo resultado operacional recorrente no período; pela monetização de créditos de PIS/COFINS no valor de aproximadamente R$ 761 milhões; pela redução do capex operacional em função das paradas programadas de manutenção nos Estados Unidos e Europa, além de ajustes operacionais na central petroquímica de São Paulo realizados no quarto trimestre de 20202; e pela redução dos investimentos estratégicos.

"A esses impactos positivos, se contrapõem, principalmente a variação negativa do capital de giro, principalmente em função do impacto do aumento do preço de resinas e principais químicos no mercado internacional em contas a receber e do impacto do aumento do preço da nafta no custo do produto acabado em estoques", diz a Braskem que cita ainda o maior pagamento de juros no trimestre, que foi superior ao último trimestre de 2020 por conta do pagamento de juros de bonds emitidos pela companhia em 2020.

A petroquímica informa que em linha com o seu contínuo compromisso com a higidez financeira e com o objetivo de retornar ao nível de risco de grau de investimento, seguiu reduzindo a sua alavancagem corporativa, medida pela relação dívida líquida/resultado operacional recorrente em dólares e encerrou o primeiro trimestre em 1,80x, 39% inferior em relação ao quarto trimestre (2,94x).

TIM (TIMS3)
A operadora de telecomunicações TIM registrou lucro líquido de R$ 277 milhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 57,9% sobre igual período de 2020. O Ebitda somou R$ 2 bilhões, alta de 4,5% na comparação anual.

O resultado financeiro líquido da operadora ficou negativo em R$ 225 milhões, uma melhora em relação ao resultado financeiro negativo de R$ 251 milhões do primeiro trimestre de 2020.

A receita líquida somou R$ 4,340 bilhões, ligeira alta de 3% sobre igual período do ano anterior. De acordo com a empresa, o indicador confirma a trajetória de recuperação observada desde o terceiro trimestre de 2020. "Essa melhora foi limitada parcialmente por impactos concentrados no mês de março, devido à nova onda da pandemia de covid-19", diz a TIM.

A receita líquida de serviços avançou 3,3% na comparação anual, para R$ 4,448 bilhões. "Todos os componentes de serviços contribuíram positivamente para essa aceleração", diz a companhia. A receita de serviço móvel cresceu 2,8% para R$ 3,947 bilhões, enquanto a de serviço fixo avançou 12%, para R$ 281 milhões.

A receita média por usuário (arpu) móvel aumentou 6,6% no primeiro trimestre, para R$ 25,50. A base móvel de clientes caiu 2,1%, para 51,728 milhões, enquanto a base de clientes Live cresceu 13,3% para 662 mil. A receita da TIM Live avançou 20,4% no trimestre.

Já a receita líquida de produtos interrompeu sua trajetória de recuperação, registrando queda de 10,1% na comparação anual, para R$ 112 milhões. Segundo a TIM, foi a linha mais afetada pelo fechamento de pontos de venda e redução da circulação de pessoas, por conta da pandemia.

Os investimentos (capex) totalizaram R$ 1,3 bilhão, alta de 46,5% na comparação anual, com a retomada de projetos em 2020 e o início da preparação para recebimento dos ativos da Oi Móvel. O Opex (despesas operacionais e investimento em manutenção de equipamentos) permanece sob controle, com queda de 34,5% na provisão para devedores duvidoso (PDD) na comparação entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021.

A TIM ainda aprovou um acordo com a IHS Fiber Brasil para a venda de 51% da FiberCo - empresa da operadora que reúne os ativos de rede e prestação de serviços de infraestrutura. A TIM vai manter os demais 49% da FiberCo, cujo valor (Enterprise Value) ficou estabelecido em R$ 2,6 bilhões.

A transação contempla componentes primária (R$ 609 milhões) destinada ao caixa da FiberCo, e secundária (R$ 1,027 bilhão), a serem pagos à TIM.

O Credit Suisse avaliou os resultados para o primeiro trimestre divulgados pela TIM como "sólidos", indicando recuperação na receita mobile de serviços e no Ebitda. O crescimento na receita de serviços atingiu 2,8% na comparação anual, e 1,5% frente ao quarto trimestre, 1% acima da estimativa do Credit e em linha com o consenso do mercado. O banco diz que iniciativas de corte de custos levaram os gastos operacionais a crescerem apenas 2% na comparação anual.

O banco mantém recomendação outperform da TIM, ressaltando que o acordo fechado com a IHS também implica risco de aumento para os números da TIM Live. O banco aponta que a TIM está sendo negociada com desconto frente a seus indicadores e mantém preço-alvo de R$ 20.

GPA (PCAR3)
O GPA teve lucro líquido de R$ 127 milhões no primeiro trimestre, ante prejuízo de R$ 119 milhões um ano antes, favorecido por aumento das vendas e redução das despesas.

O grupo controlado pelo francês Casino e que concluiu em março a cisão do braço de atacarejo Assaí (ASAI3), viu sua receita líquida de janeiro a março somar R$ 12,45 bilhões, aumento de 4,9% em 12 meses.

Já o Ebitda ajustado somou R$ 935 milhões, alta de 36% ano a ano, beneficiado por eficiências comerciais e controle das despesas no Brasil. A margem Ebitda subiu 1,7 ponto percentual, para 7,5%.

As vendas mesmas lojas caíram 0,7%, pressionadas por impactos da pandemia nas operações do grupo Êxito na Colômbia e Uruguai. No Brasil, as vendas mesmas lojas subiram 1,1% no primeiro trimestre.

Sem o impacto da Covid-19, o GPA afirma que as vendas mesmas lojas teriam subido 4,8% no nível consolidado e 5% no Brasil.

"O cenário de vendas permanece em crescimento no trimestre, mesmo impactado por desafios relacionados principalmente ao contexto macroeconômico e pandemia, com severas medidas restritivas envolvendo fechamento de lojas aos finais de semana, horário de abertura reduzidos e proibição da venda de algumas categorias", afirmou o GPA no relatório.

Na linha outras despesas operacionais, o resultado negativo foi 71,9% menor na comparação anual, para um déficit de R$ 60 milhões.


InfoMoney
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