Aos 80, Nicolas Puech, herdeiro da Hermès quer adotar jardineiro de 51 anos para deixar fortuna de R$ 56 bilhões - Foto: Reprodução |
Gestor de patrimônio morre, e herdeiro da Hermès renova busca por R$ 94 bilhões 'desaparecidos'

Gestor de patrimônio morre, e herdeiro da Hermès renova busca por R$ 94 bilhões 'desaparecidos'

Nicolas Puech alega não saber para onde foi seu patrimônio de ações da grife e culpa Eric Freymond


Por O Globo com AFP - Zurique

Nicolas Puech, um dos herdeiros da empresa francesa Hermès, solicitou nesta segunda-feira, por meio de seu advogado, esclarecimentos sobre o misterioso desaparecimento de suas ações, avaliadas em quase 14,5 bilhões de euros (o equivalente a R$ 94 bilhões, na cotação atual), após a morte de Eric Freymond, seu ex-gestor de patrimônio.

O gestor de patrimônio, acusado pelo herdeiro de tê-lo arruinado morreu na semana passada, informou o jornal La Tribune de Genève. O diário suíço reportou que o banqueiro e patrono das artes de 67 anos "morreu repentinamente na manhã de quarta-feira, perto de seu chalé em Saanen, no cantão de Berna".

"Foi com tristeza que tomei conhecimento da morte do Sr. Eric Freymond, em circunstâncias trágicas", disse Puech, em comunicado enviado à AFP por seu advogado. Puech prestou solidariedade à família "apesar das disputas públicas e legais" entre os dois. "Espero sinceramente que as circunstâncias de sua morte sejam rapidamente esclarecidas pelas autoridades suíças", destacou.

Freymond foi, durante 25 anos, "um amigo e conselheiro com quem sempre colaboramos em total confiança", mas "infelizmente, nosso relacionamento se rompeu após eventos extremamente graves relacionados às minhas 6 milhões de ações na Hermès International, cujo valor total ainda precisa ser totalmente esclarecido", acrescentou o herdeiro.

Contatada pela AFP, a polícia de Berna se recusou a fornecer mais informações sobre a morte devido a "disposições legais" relativas à "proteção da privacidade". Conforme noticiado pelo jornal, as autoridades confirmaram que um "acidente de trem" ocorreu perto do acampamento na cidade de Gessena, sem fornecer mais detalhes.

Eric Freymond estava no centro de um caso misterioso e não resolvido envolvendo ações pertencentes a Nicolas Puech, de 82 anos, bisneto do fundador da empresa francesa Hermès. O octogenário acusou seu ex-gestor financeiro de ter feito suas ações desaparecerem e apresentou uma queixa contra ele.

O tribunal de Genebra absolveu Eric Freymond, considerando as acusações de Puech "muito vagas e infundadas", informou o Tribune de Genève. No entanto, ele também havia apresentado uma queixa semelhante contra Eric Freymond na França.

- Éric Freymond era um homem de rara sensibilidade. Ele estava abalado pela violência da suspeita, da traição e da dureza de um mundo implacável - reagiram François Zimeray e Jessica Finelle, dois de seus advogados, em um comunicado enviado à AFP.

Os advogados disseram que, para eles, a morte do cliente era "uma provação devastadora".

Frequentemente descrito como afastado do restante da família, Nicolas Puech herdou mais de 6 milhões de ações, representando 5,76% do capital da Hermès. Uma das principais questões neste caso altamente controverso era se essas ações haviam sido vendidas quando Bernard Arnault, o chefe da LVMH, adquiriu discretamente uma participação em sua concorrente.

O caso, no centro de múltiplas investigações da imprensa na França e na Suíça, tomou um novo rumo em 2023, quando Nicolas Puech alegou estar arruinado e acusou seu gestor de fortunas de usar esquemas financeiros sutis para fazer suas ações desaparecerem.

Em uma longa investigação publicada no início de janeiro, jornais pertencentes ao grupo de mídia suíço Tamedia, incluindo o Tribune de Genève, revelaram inúmeras contradições nessas acusações, explorando várias vias sem resolver o mistério.

A controvérsia veio a público depois da notícia de que Puech, solteiro e sem filhos, queria deixar sua herança para o seu "jardineiro e faz-tudo".

O Globo
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/07/28/gestor-de-patrimonio-morre-e-herdeiro-da-hermes-renova-busca-por-r-94-bilhoes-desaparecidos.ghtml