Investigação apura responsabilidade de administradores na elaboração das demonstrações financeiras de 2024, além da convocação intempestiva de assembleias ordinárias

Por Lais Godinho, Valor - São Paulo


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) instaurou um processo para apurar a responsabilidade dos administradores do Banco de BrasíliaCotação de Banco de Brasília (BRBCotação de BRB) na elaboração das demonstrações financeiras referentes ao exercício de 2024, além da convocação intempestiva de Assembleias Gerais Ordinárias (AGO).

O processo foi aberto em 23 de junho e está atualmente na fase de citação dos acusados. Em 26 de junho, a peça acusatória foi assinada pelo superintendente da área responsável e encaminhada à Gerência de Controle de Processos Sancionadores (GCP), que iniciou as citações em 4 de julho.

Ao todo, 14 pessoas estão sendo investigadas, incluindo todos os membros da diretoria e do Conselho de Administração do BRBCotação de BRB. A maioria dos investigados ainda aguarda a formalização da notificação. Em nota, o banco afirmou não ter tido acesso ao processo e que se manifestará em momento oportuno.

No exercício de 2024, o BRBCotação de BRB registrou lucro recorrente de R$ 282 milhões, alta de 40,9% em relação ao ano anterior. A margem financeira aumentou 15,1%, alcançando R$ 3,108 bilhões, enquanto a carteira de crédito cresceu 20,2%, totalizando R$ 43,061 bilhões.

"O desempenho de 2024 reflete o amadurecimento da estratégia de transformação do BRBCotação de BRB. Modernizamos a operação, melhoramos a experiência do cliente, fortalecemos o crédito e nos consolidamos como um banco completo, eficiente e digital, comprometido com o desenvolvimento econômico e social", disse o presidente do BRBCotação de BRB, Paulo Henrique Costa, à época.

Antes da divulgação de resultados, no dia 28 de março, o BRBCotação de BRB anunciou em fato relevante a intenção de adquirir parte do Banco Master. A proposta previa a aquisição de 49% das ações ordinárias, 100% das ações preferenciais e 58% do capital total do Master.

De acordo com o comunicado, a operação resultaria na formação de um novo conglomerado prudencial, liderado pelo BRBCotação de BRB, e estava condicionada a aumentos de capital em ambas as instituições.

A operação foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 18 de junho e aguarda análise final do Banco Central (BC).

Como mostrou o Valor no início de julho, o acordo ainda pode sofrer ajustes antes da avaliação final pelo BC, em razão de possíveis deficiências que teriam surgido em trechos do balanço do Master. O banco brasiliense já tinha excluído do acordo inicial cerca de R$ 23 bilhões em ativos do Master, volume que depois subiu para R$ 33 bilhões e ainda pode aumentar.

Valor
https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/07/14/cvm-abre-investigao-contra-toda-a-cpula-do-brb.ghtml