O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o governador de Minas, Romeu Zema - Foto: Cristiano Mariz/Luís Ivo /Agência O Globo |
Em Minas, federação União-PP é alvo de disputa entre Rodrigo Pacheco e vice de Zema

Em Minas, federação União-PP é alvo de disputa entre Rodrigo Pacheco e vice de Zema

Com as eleições de 2026 como pano de fundo, ex-presidente do Senado cobra fidelidade do União, enquanto Mateus Simões (Novo) se aproxima do PP


Por Luísa Marzullo - Rio de Janeiro

A recente federação partidária entre o União Brasil e o Progressistas (PP) começou a redesenhar o tabuleiro político em Minas Gerais, provocando um confronto velado entre os grupos de duas importantes figuras do estado: o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e o vice-governador mineiro, Mateus Simões (Novo). Ambos são apontados como possíveis candidatos ao governo estadual nas eleições de 2026, embora Pacheco ainda não tenha confirmado oficialmente sua intenção de concorrer.

No atual arranjo mineiro, Pacheco mantém forte influência sobre o União Brasil, legenda com a qual possui laços consolidados e o apoio declarado de boa parte de seus quadros locais - incluindo grande parte dos 69 prefeitos.

Recentemente, ele foi convidado a se filiar ao partido, em uma articulação liderada pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP) e endossada por Ciro Nogueira (PP-PI), uma das principais lideranças nacionais do Progressistas. A proposta incluiria uma nominata robusta para viabilizar sua candidatura ao governo do estado.

Apesar da aproximação, Pacheco ainda avalia se deixará o PSD. Sua decisão está diretamente ligada à configuração de alianças para 2026, tanto dentro do seu atual partido quanto na federação recém-formada. Um eventual alinhamento da federação com o projeto presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), poderia representar um obstáculo, já que Pacheco tem se posicionado mais próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é o maior apoiador de sua candidatura ao governo.

Do outro lado, Mateus Simões tem sido preparado como o herdeiro político de Romeu Zema (Novo) e conta com a estrutura do governo estadual para fortalecer seu nome. O secretário da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), é peça-chave nas negociações internas e tem trabalhado para consolidar o apoio da federação ao vice-governador. Aro, que já foi deputado federal, é hoje um dos principais articuladores do campo governista mineiro e têm forte influência no PP, além de bom trânsito no União Brasil.

Articuladores do governo mineiro apostam na boa relação com lideranças locais do União Brasil, entre elas o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), que recentemente nomeou dois secretários da chamada "Família Aro". Seus aliados garantem que ele já teria assegurado uma base significativa de apoio dentro da federação e acreditam que Pacheco não irá concorrer.

PSD dividido


Em um cenário sem Pacheco, Simões poderia se filiar ao PSD, no intuito de angariar maiores recursos financeiros na empreitada. O partido é aliado do governo Zema na Assembleia Legislativa. Quem também é cotado para entrar na sigla de Gilberto Kassab é o ex-procurador-geral de Justiça Jarbas Soares Júnior.

A União Progressista é peça-chave nas eleições de Minas Gerais. Juntas, as siglas têm 166 prefeitos, mais de 1300 vereadores e nove deputados estaduais. Conquistar este apoio pode consolidar a base para as eleições e aumentar o tempo de televisão.

O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/05/19/em-minas-federacao-uniao-pp-e-alvo-de-disputa-entre-rodrigo-pacheco-e-vice-de-zema.ghtml