Presidente tem ficado cada vez mais resistente em gravar vídeos para redes sociais e conceder entrevistas, o que também contribui, na visão de assessores, para a dificuldade do governo em sair das cordas
Por Renan Truffi e Sofia Aguiar
A perda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva coincide com uma promessa que o petista não vem conseguindo cumprir: a de dedicar mais do seu tempo para viajar o Brasil neste terceiro mandato.
Apesar dos conselhos de ministros e integrantes da equipe de comunicação, Lula segue dando preferência aos compromissos no exterior em detrimento de agendas locais. Além disso, segundo interlocutores, o petista tem ficado cada vez mais resistente em gravar vídeos para redes sociais e conceder entrevistas, o que também contribui, na visão de assessores próximos, para a dificuldade do governo em sair das cordas.
No ano passado, Lula havia se comprometido em, a partir de janeiro, percorrer todo o país, mas, em vez disso, ampliou o número de viagens internacionais de 2024 para 2025. É o que mostra um levantamento feito pelo Valor junto à agenda presidencial. De janeiro a junho do ano passado, por exemplo, Lula esteve em cinco países diferentes, compromissos que bloquearam a agenda do chefe do Poder Executivo por cerca de dez dias.
No mesmo período deste ano, entretanto, o presidente já visitou oito nações diferentes, o que representou quase 22 dias ocupados com eventos internacionais. Ou seja, no primeiro semestre de 2025, Lula gastou quase um mês completo em viagens ao exterior. Além disso, a agenda prevista para o segundo semestre segue intensa.
A expectativa, por exemplo, é que Lula tenha encontros fora do Brasil ao menos uma vez por mês até o final do ano, em razão principalmente pela participação em cúpulas. Após passar quase uma semana na França, Lula deve ir às reuniões do G7 no Canadá em junho, cúpula do Mercosul na Argentina em julho e reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) na Colômbia em agosto.
Interlocutores do alto escalão do Palácio do Planalto admitem que, de fato, Lula demonstra mais boa vontade com questões da política internacional do que com os assuntos internos. Isso tem se tornado um obstáculo principalmente para a Secretaria de Comunicação Social (Secom), pasta responsável por levar informações das ações do governo ao público.
De acordo com as fontes do Valor, a Secom não vem conseguindo convencer o presidente da República a aderir a formatos diferentes de anúncios ou interações com o eleitorado por meio de vídeos, por exemplo. Isso se reflete, inclusive, nas redes sociais do presidente, que voltaram a ficar engessadas como nos dois primeiros anos do mandato.
Quando o ministro da Secom, Sidônio Palmeira, assumiu o cargo no início do ano, ele conseguiu convencer Lula a gravar vídeos em formato mais descontraído e fez mudanças na equipe de redes sociais. Contudo, ao longo dos meses, o chefe do Executivo passou a rejeitar gravar tais tipos de conteúdo, o que explica a falta da imagem do presidente em vídeos produzidos exclusivamente para a mídia digital.
Um outro aspecto é que, neste primeiro semestre de 2025, Lula concedeu somente duas entrevistas coletivas para jornalistas credenciados no Palácio do Planalto. A segunda delas foi apenas na semana passada, em meio à crise gerada pela alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), assunto que ajudou a piorar a avaliação do Executivo.
Na visão do governo, ao dar entrevistas, Lula consegue retomar a narrativa do governo e pautar o debate nacional. Essa era também uma das principais promessas de Sidônio: colocar Lula para falar ao público. O auxiliar continua esbarrando, entretanto, na pouca vontade de Lula para esse tipo de atividade.
A perda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva coincide com uma promessa que o petista não vem conseguindo cumprir: a de dedicar mais do seu tempo para viajar o Brasil neste terceiro mandato.
Apesar dos conselhos de ministros e integrantes da equipe de comunicação, Lula segue dando preferência aos compromissos no exterior em detrimento de agendas locais. Além disso, segundo interlocutores, o petista tem ficado cada vez mais resistente em gravar vídeos para redes sociais e conceder entrevistas, o que também contribui, na visão de assessores próximos, para a dificuldade do governo em sair das cordas.
No ano passado, Lula havia se comprometido em, a partir de janeiro, percorrer todo o país, mas, em vez disso, ampliou o número de viagens internacionais de 2024 para 2025. É o que mostra um levantamento feito pelo Valor junto à agenda presidencial. De janeiro a junho do ano passado, por exemplo, Lula esteve em cinco países diferentes, compromissos que bloquearam a agenda do chefe do Poder Executivo por cerca de dez dias.
No mesmo período deste ano, entretanto, o presidente já visitou oito nações diferentes, o que representou quase 22 dias ocupados com eventos internacionais. Ou seja, no primeiro semestre de 2025, Lula gastou quase um mês completo em viagens ao exterior. Além disso, a agenda prevista para o segundo semestre segue intensa.
A expectativa, por exemplo, é que Lula tenha encontros fora do Brasil ao menos uma vez por mês até o final do ano, em razão principalmente pela participação em cúpulas. Após passar quase uma semana na França, Lula deve ir às reuniões do G7 no Canadá em junho, cúpula do Mercosul na Argentina em julho e reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) na Colômbia em agosto.
Interlocutores do alto escalão do Palácio do Planalto admitem que, de fato, Lula demonstra mais boa vontade com questões da política internacional do que com os assuntos internos. Isso tem se tornado um obstáculo principalmente para a Secretaria de Comunicação Social (Secom), pasta responsável por levar informações das ações do governo ao público.
De acordo com as fontes do Valor, a Secom não vem conseguindo convencer o presidente da República a aderir a formatos diferentes de anúncios ou interações com o eleitorado por meio de vídeos, por exemplo. Isso se reflete, inclusive, nas redes sociais do presidente, que voltaram a ficar engessadas como nos dois primeiros anos do mandato.
Quando o ministro da Secom, Sidônio Palmeira, assumiu o cargo no início do ano, ele conseguiu convencer Lula a gravar vídeos em formato mais descontraído e fez mudanças na equipe de redes sociais. Contudo, ao longo dos meses, o chefe do Executivo passou a rejeitar gravar tais tipos de conteúdo, o que explica a falta da imagem do presidente em vídeos produzidos exclusivamente para a mídia digital.
Um outro aspecto é que, neste primeiro semestre de 2025, Lula concedeu somente duas entrevistas coletivas para jornalistas credenciados no Palácio do Planalto. A segunda delas foi apenas na semana passada, em meio à crise gerada pela alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), assunto que ajudou a piorar a avaliação do Executivo.
Na visão do governo, ao dar entrevistas, Lula consegue retomar a narrativa do governo e pautar o debate nacional. Essa era também uma das principais promessas de Sidônio: colocar Lula para falar ao público. O auxiliar continua esbarrando, entretanto, na pouca vontade de Lula para esse tipo de atividade.
Desaprovação recorde
O assunto é sensível porque a estratégia da comunicação traçada pela Secom para reverter a perda de apoio entre o eleitorado é justamente investir numa maior participação do presidente em eventos e meios de comunicação. Segundo interlocutores, o titular da Secom irá reforçar os pedidos para Lula voltar a aparecer mais sob a justificativa da baixa popularidade da gestão.
Na semana passada, a desaprovação do governo petista alcançou 57%, segundo pesquisa Genial/Quaest, o maior índice desde o início do terceiro mandato. Na rodada anterior, em março, o percentual era de 56%. Já a aprovação registrada agora é de 40%, ante 41% no outro levantamento.
Questionados sobre o significativo contingente de viagens ao exterior, assessores da área internacional do governo justificam que o Planalto traçou um perfil de viagens para Lula durante os anos de mandato. Em 2023, a agenda do presidente teve um caráter "multimodal" com foco em retomar relações com diversos países após a gestão de Jair Bolsonaro.
Em 2024, por outro lado, o objetivo construído pelo Executivo foi expor o petista em agendas mais regionais, centradas na América Latina e Brasil. Já para 2025, o foco é expandir os parceiros internacionais. Isso foi pensado, inclusive, diante da nova geopolítica global, potencializada pela guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e uma forma de reduzir a dependência econômica de alguns países para diminuir a vulnerabilidade nacional.
Valor
https://valor.globo.com/politica/noticia/2025/06/09/lula-prioriza-agendas-no-exterior-e-resiste-a-conselhos.ghtml