Edinho Silva, Romênio Pereira, Rui Falcão e Valter Pomar participaram do primeiro encontro antes de eleição interna
Por Jeniffer Gularte - Brasília
Enquanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta sucessivas crises como a do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e dos descontos indevidos do INSS, o debate dos candidatos à presidência do PT foi marcado nesta segunda-feira pela defesa dos regimes autoritários de Cuba e Venezuela e pela tentativa de três dos quatro postulantes em radicalizar "à esquerda".
Com a popularidade em baixa, a gestão de Lula foi alvo de críticas em longa discussão teórica sobre a luta de classes. Longe do cotidiano do Palácio do Planalto, o debate envolveu até mesmo opiniões sobre como garantir o "futuro do socialismo".
Com o favorito Edinho Silva no alvo, os demais postulantes recorreram aos jargões clássicos, como a luta "anti-imperialista" e "anti-capitalista" para tentar mobilizar a base petista.
Participaram da ofensiva os adversários Romênio Pereira, Rui Falcão e Valter Pomar. Falcão afirmou que o PT precisa de um presidente que não tergiverse e tenha posições nítidas sobre esses temas, "sob risco de perder a identidade".
- Para ser anticapitalista e anti-imperialista nós precisamos reforçar a nossa solidariedade a Cuba, a Venezuela, a todos os povos que lutam contra a opressão e a exploração.
Um dos discursos mais enfáticos em favor do socialismo foi feito pelo historiador Valter Pomar ao defender que o PT não pode fugir desse debate. Pomar criticou Edinho por não trazer esse tema como um ponto central da sua campanha.
- Precisa discutir o socialismo. Sem socialismo não se derrota o imperialismo. Sem socialismo a gente não derrota a ditatura do capital financeiro. Sem socialismo a gente não supera a condição de subpotência primária exportadora. Não tem como fugir do debate do socialismo ou querer substituí-lo. Me espanta a coerência do companheiro Edinho que não trata do assunto com a relevância que ele tem.
Valter Pomar também comparou o governo Lula 3 ao segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. O candidato argumentou que a articulação política do governo "não está dando conta" e nem construindo condições políticas para a vitória do petista em 2026. Segundo ele, o governo de Lula cede às políticas do "inimigo".
- A política que está sendo adotada está construindo, na melhor das possiblidades, espaço para a gente ter uma mandato parecido com o que foi o segundo mandato da companheira Dilma, mandato que será alvo de todo tipo de instabilidade.
Já Edinho se colocou de forma contrária aos demais sobre a relevância do socialismo no debate da sucessão do PT e defendeu uma transição geracional na legenda que incentive a juventude a ocupar espaços no partido.
Edinho também pontuou a necessidade de fazer a disputa política pelas "mães das periferias":
- Efetivamente eu não trato o socialismo como se fosse uma tomada de assalto de poder de dentro de um gabinete. Para mim a construção da correlação de força se dá na base. É disputar a consciência da classe trabalhadora. Isso não se faz discursando ou bravateando. A consciência da classe trabalhadora se faz na base e nós efetivamente organizando os trabalhadores e enfrentando seus desafios.
O candidato também fez críticas à postura tímida do PT no debate da segurança pública e afirmou que a legenda precisa ter protagonismo ao tratar do tema sob pena de ignorar "ignorando o processo de exclusão social" gerado pela violência urbana.
O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/06/02/com-governo-lula-em-crise-candidatos-a-presidencia-do-pt-defendem-cuba-e-venezuela-em-debate-sobre-o-futuro-do-socialismo.ghtml