Lula quer ver Haddad na disputa ao Senado, mas outra ala do PT prefere que ele se sacrifique eleitoralmente com uma candidatura ao governo de SP, mesmo sem chance de vencer; procurado, o ministro não comentou
Por Roseann Kennedy e Iander Porcella
O futuro político do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afunilou-se após ele sofrer uma série de desgastes. A polêmica mais recente com a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que rendeu divergências até com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, somou-se à piora de sua imagem com a população por causa das crises da fiscalização do Pix e da "taxa das blusinhas".
Nesse contexto, Haddad tem demonstrado pouca vontade de concorrer em 2026, segundo interlocutores. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contudo, quer vê-lo na disputa ao Senado, para evitar que o bolsonarismo leve duas vagas por São Paulo. Outra ala do PT prefere que ele se sacrifique eleitoralmente com uma candidatura ao governo de SP, mesmo sem chance de vencer, para garantir o palanque de Lula. Procurado, o ministro não comentou.
Antes de enfrentar aumento de rejeição popular, Haddad era dado como certo para substituir Lula como candidato do PT à Presidência em 2030, quando o petista não puder mais concorrer. Mas essa certeza já não existe, e outros nomes como o do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o do ministro da Educação, Camilo Santana, passaram a ser citados.
Rui Costa, por sua vez, também enfrenta resistências internas no PT e carrega o passivo da explosão de violência policial na Bahia, o que fere uma das principais bandeiras da esquerda na área de direitos humanos. Nesse contexto, Camilo tem sido apontado como o nome mais viável, apesar de ser o menos conhecido. Como mostrou a Coluna, uma ala do PT também tem desconfiado que Lula prepara Guilherme Boulos para ser seu herdeiro político.
Cenário indefinido em São Paulo
Como mostrou a Coluna, a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF)para investigar a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos até embaralha os planos do PL para a eleição ao Senado em São Paulo, mas sem facilitar a vida do PT no Estado. "Eles acham outro", avaliou um aliado de LulaA avaliação é de que seria muito mais difícil para Haddad ganhar o governo estadual. Ele disputou o segundo turno com Tarcísio de Freitas em 2022 e perdeu. Além disso, ainda carrega a marca de não ter sido reeleito para a prefeitura em 2016, quando foi vencido ainda no primeiro turno por João Doria.
O Estado de S.Paulo
https://www.estadao.com.br/politica/coluna-do-estadao/o-que-resta-politicamente-a-haddad-e-por-que-ala-do-pt-quer-ele-no-sacrificio-em-2026/