Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo - Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Datafolha reforça dilema eleitoral de Tarcísio

Datafolha reforça dilema eleitoral de Tarcísio

Governador de SP obteria 2º mandato se disputasse hoje; no cenário nacional, tem baixa rejeição, mas perderia para Lula

A rodada mais recente de pesquisas do Datafolha lança nova pitada de dúvida na direita, incluindo a bolsonarista, já envolta em incógnitas de monta em sua estratégia para a disputa presidencial de 2026.

Como se sabe, o principal nome desse campo, o do próprio Jair Bolsonaro (PL), não passa de uma peça de ficção -pelo menos neste momento. Declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente não pode concorrer ao Planalto no ano que vem.

Ainda que os bolsonaristas evitem debater publicamente as consequências dessa condenação, circulam, nos bastidores, algumas chapas alternativas e viáveis do ponto de vista legal. Há mais de uma possibilidade, porém as consideradas mais fortes são aquelas encabeçadas por Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Por estar à frente do estado mais rico e populoso do país, o governador de São Paulo surge como opção natural. Não se cacifa somente pela máquina que comanda; calcula-se que sua trajetória e seu perfil mais conciliador o tornem -em tese- mais palatável para um número maior de eleitores, inclusive de outros campos políticos.

O Datafolha reforça a percepção. Entre os possíveis herdeiros dos votos de Bolsonaro cotados para a disputa nacional, Tarcísio detém a menor rejeição: 13% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum.

Para comparação, o índice é de 27% no caso de Michelle Bolsonaro (PL), 26% no de Eduardo Bolsonaro (PL) e 44% no do ex-presidente -que, nesse quesito, fica em empate técnico com os 42% do atual presidente, Lula (PT).

Ademais, nenhum bolsonarista se sai melhor que Tarcísio nos cenários eleitorais. Na simulação de segundo turno, a vantagem de Lula cai ao menor nível no confronto contra o governador, 48% a 39%. É a mesma distância quando a pergunta envolve Bolsonaro: 49% a 40% em favor do petista.

Ocorre que, para se candidatar à Presidência, Tarcísio precisaria abrir mão de tentar a reeleição em São Paulo, onde ele venceria com folga em todas as hipóteses consideradas pelo Datafolha.

Se a eleição fosse hoje, ele passaria dos 60% em eventual segundo turno contra Alexandre Padilha (PT) ou Márcio França (PSB), por exemplo, e encerraria a disputa no primeiro turno em um cenário sem a presença do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

É um desempenho condizente com sua avaliação. O trabalho do mandatário de São Paulo é considerado ótimo ou bom por 41% dos entrevistados e ruim ou péssimo por 22%; em outra questão, 61% dizem aprovar sua gestão, ante 33% que a desaprovam.

Nunca é demais lembrar que a eleição de 2026 ainda vai longe no horizonte e que muita coisa pode mudar até lá. Mas, diante dos números ora trazidos pelo Datafolha, o dilema de Tarcísio -e da direita bolsonarista- parece ser o de enfrentar uma eleição presidencial duvidosa ou uma estadual como franco favorito.

Folha de S.Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/04/datafolha-reforca-dilema-eleitoral-de-tarcisio.shtml