Fachada do banco Safra em Sao Paulo - Foto: Divulgação |
Jacob e David Safra adquirem fatia da irmã Esther no Banco Safra

Jacob e David Safra adquirem fatia da irmã Esther no Banco Safra

O movimento ocorre após a aprovação do Banco Central para a saída de outro irmão, Alberto, do grupo, o que levou a uma redução de R$ 6,184 bilhões no capital do banco

Por Álvaro Campos, Valor - São Paulo

Jacob e David Safra adquiriram a fatia da irmã, Esther, no Banco Safra. O movimento ocorre após a aprovação do Banco Central (BC) para a saída de outro irmão, Alberto, do grupo, o que levou a uma redução de R$ 6,184 bilhões no capital do banco.

Segundo nota divulgada pelo Safra, a saída de Esther é um processo natural, alinhado com a família e com a visão de longo prazo da instituição. O banco diz que a atuação dela sempre refletiu seu compromisso com a excelência e seriedade do grupo. "Tomei essa decisão com harmonia", afirma Esther em nota.

"O Grupo Safra sempre terá um lugar especial no meu coração. Tenho enorme respeito pelo legado da instituição que meu pai criou, muito carinho pelos meus irmãos e admiração pelo trabalho excepcional de Jacob e David, que estão conduzindo o grupo com competência e dedicação", complementou Esther.

De acordo com a nota, a aquisição da participação acionária será feita com recursos próprios dos acionistas remanescentes e ainda aguarda aprovação dos reguladores. Nesta semana, o Safra tinha informado que, apesar da redução de R$ 6,2 bilhões no capital com a saída de Alberto, os sócios deliberaram neste mês um aumento de capital de R$ 2,7 bilhões, que também aguarda homologação do BC.

Esther não tinha funções executivas no Banco Safra e mantém o colégio judaico Beit Yacoov, criado pela família em 2001. Ela é formada em administração de empresas e casada com Carlos Dayan, da família dona do Banco Daycoval.

Já Alberto mantinha uma disputa familiar pela herança do pai, que o levou a processar, em Nova York, a mãe, Vicky, e os irmãos Jacob e David, alegando que havia sido indevidamente diluído no Safra National Bank of New York (SNBY). Joseph Safra morreu no fim de 2020, deixando uma fortuna estimada em US$ 23 bilhões.

Em julho do ano passado, a família Safra informou que chegou a um acordo para encerrar a disputa entre os herdeiros de José, mas não deu detalhes. No balanço do terceiro trimestre, o banco diz que em 19 de julho foi celebrado um contrato de compra e venda de ações e outras avenças, por meio do qual Alberto se comprometeu a desinvestir a sua participação no Banco Safra S.A.

"Tal operação está sujeita ao atendimento de determinadas condições precedentes entre elas a aprovação pelo BC, pela Susep e a realização de uma reorganização societária no Banco Safra que envolve uma redução de capital", dizia o documento.

Após sair do Safra, Alberto criou o grupo ASA Investments, que nasceu como uma gestora e depois foi ampliando sua atuação, incluindo uma divisão de private banking. A matriarca da família Safra, Vicky, é considerada a mulher mais rica do Brasil e um dos 100 maiores bilionários do mundo.

O Safra é o oitavo maior grupo financeiro do Brasil, com R$ 309,6 bilhões em ativos. Nos nove primeiros meses do ano passado (dado mais recente) teve lucro de R$ 2,193 bilhões. Sua carteira de crédito, de R$ 153,9 bilhões, está concentrada em médias e grandes empresas, mas também tem uma fatia de financiamento ao consumo e empréstimo automotivo. Nos últimos anos o grupo fez aquisições importantes, como a do Banco Alfa, quando pagou R$ 1 bilhão pela instituição de Aloysio Faria, e a corretora Guide.

Valor
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